Tenha uma alimentação variada durante a gestação:
Essa é uma dica do que podemos fazer antes mesmo dos nossos filhos nascerem: evidências científicas apontam que a alimentação da mãe na gravidez modula o paladar do bebê no futuro.
O fato é que algumas nuances de sabor da alimentação da mãe estão por ali, no líquido aminiótico, e essas primeiras experiências gustativas do feto iniciam o desenvolvimento do comportamento alimentar que vai se moldar ao longo da vida. A ideia é que essa exposição a um componente de sabor que não seja o doce/umami (preferências naturais do bebê que garantem alimentos calóricos e proteicos para a sobrevivência), num ambiente favorável como o útero, gere um reforço positivo para apreciar os sabores amargo e azedo no futuro.
Mantenha a alimentação variada também durante a amamentação:
Os odores voláteis da alimentação da mãe também passam para o leite materno e essa exposição prolongada impacta nas preferências das crianças. Em um estudo onde as mães consumiam suco de cenoura durante o fim da gestação e durante os dois primeiros meses de amamentação, observou-se que seus bebês fizeram mais expressões faciais positivas ao serem expostos ao sabor da cenoura, comparativamente com os filhos das mães que não tomaram o suco. Taí outro aspecto importante do leite materno que a fórmula infantil não cumpre, já que entrega sempre o mesmo sabor.
Não bata a sopa do nenê:
Alimentos processados não estimulam a aprendizagem da mastigação e os alimentos todos misturados não favorecem a percepção dos diferentes sabores (e isso vai impactar nas escolhas futuras). Portanto, não bata a papa no liquidificador. Sequer passe pela peneira. As primeiras papas devem ser servidas amassadinhas no garfo e a consistência vai evoluindo gradativamente.
Não negocie:
Por volta dos 3 anos algumas crianças que comem super bem podem mudar o padrão, tornarem-se seletivas e apresentarem o que chamamos de neofobia ou medo de experimentar alimentos novos. Alguém aqui se identifica? Se sim, a primeira dica é relaxar. Fazer com que o momento da refeição seja prazeroso. Sim, forçar a criança a comer o que está no prato só vai contribuir para aumentar a aversão. Aí a dica é preparar alimentos que a criança já aceita bem e complementar com as novidades ou com o que a criança está rejeitando. Se rejeitar uma vez, tudo bem, em outra refeição apresente novamente, e assim sucessivamente. A repetição é importante para criar familiaridade. Mude a forma de preparo, um dia cozido, outro na salada, outro num souflé, outro num recheio de carne. Quando a refeição for tranquila, dê reforços positivos (parabenize, mas nunca recompense com presentes). Se não for legal, bola pra frente. Estimule, dê o exemplo, mas não faça chantagens, não proponha trocas. A regra é comer bem e isso não é negociável. Com paciência e persistência a gente ultrapassa essa fase.
Não adianta esconder verduras e legumes nas preparações:
Para enriquecer a refeição das crianças seletivas, muitas mães cozinham uma cenoura no feijão, mascaram um inhame no purê de batata e assim garantem um maior aporte de nutrientes. Tudo bem. É um artificio. Mas o fato é que nossos filhos precisarão aprender a comer coisas além da zona de conforto, e mais, precisarão se acostumar com isso. A longo prazo, esconder não adianta porque não estimula a formação de um novo hábito.
Estimule a criança a participar do processo de preparar a refeição:
Uma ida ao mercado, feira ou sacolão pode ser uma ótima oportunidade de despertar a curiosidade das crianças. Podemos pedir que escolham algumas coisas para experimentar e , em casa, envolve-las em alguma etapa do preparo, de acordo com a faixa etária. As crianças podem ajudar a lavar os legumes ou dispor as folhas na saladeira. Tarefas simples, mas que garantam o envolvimento e ajudam a quebrar a resistência.
Lista de alimentos:
Ainda pensando no lúdico, é interessante pedir pra que as crianças desenhem os alimentos que gostam. Uma estratégia para estimular a experimentação é fazer uma ampla lista de verduras e legumes. Essa lista pode ser desenhada ou escrita. Aí a criança teria a tarefa de circular ou pintar os alimentos que experimentar e gostar. Aí combinamos que a quantidade não é importante. O simples fato de experimentar já mostra que estamos atingindo o objetivo.
Mantenha o esquema alimentar:
Se a criança não almoçou bem não devemos oferecer outro alimento para compensar. O ideal é esperar o horário do lanche e seguir em frente. Beliscos fora de hora irão atrapalhar todo o esquema.
Valorize as refeições em família:
Sentar a mesa, compartilhar das refeições com a família tem sido cada vez mais raro. Os horários não batem, as agendas são apertadas, mas sempre que possível, devemos fazer as refeições com nossos filhos. Dar o exemplo com um prato variado e colorido é a forma mais natural de estimular bons hábitos.
Tenha filhos com quem gosta de verduras e legumes
Não dá pra ser assim tão exigente, mas a verdade é que o nosso paladar tem um componente que é geneticamente determinado. Algumas pessoas parecem mesmo ter uma menor tolerância ao amargo de alimentos como brócolis, couve, couve de Bruxelas. E já se sabe que essa diferença na percepção do amargor pode passar de pai pra filho por conta de um gene denominado TAS2R38. Vale lembrar, que mesmo que haja essa predisposição, o meio ambiente ainda é mais importante do que a genética para a aquisição do hábito alimentar. Portanto, foco nas dicas aí de cima! E, se não gostar de verduras legumes, ainda assim, dê um bom exemplo ao seu filho! Vai dar tudo certo!
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