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SE VOCÊ ACHA QUE NÃO EMAGRECE POR FALTA DE VERGONHA NA CARA, ESTE POST É PARA VOCÊ!

Ouço muito essa frase no consultório (ouvi duas vezes na semana passada), pode ser até que você mesmo já a tenha dito algumas vezes: “Eu preciso tomar vergonha na cara para emagrecer”, ou então, “Eu não consigo mudar meus hábitos alimentares porque não tenho vergonha na cara”. Mas comer vai além dos nutrientes, de saber o que é importante ou não para o corpo, comer envolve prazer, lembranças e emoções.

A regulação do peso corporal depende do consumo alimentar e do gasto de energia, que são controlados por uma série de processos, além de sofrerem a influência de fatores ambientais, econômicos e sociais. No nosso cérebro temos uma estrutura chamada hipotálamo e dentro dele, no núcleo arqueado, localizam-se neurônios – alguns relacionados com a inibição do apetite e o aumenta o gasto energético e outros relacionados com o aumento do apetite e a diminuição do gasto energético – regulando assim o peso corporal. Muitos hormônios como a leptina, o PYY e GLP-1, assim como a distensão gástrica também estão envolvidos nessa regulação. Essa integração garante o consumo alimentar de acordo com as necessidades metabólicas, ou seja, do que o nosso organismo precisa para viver. Essa é a regulação homeostática do apetite.

Porém, outros sistemas regulam todo esse processo, como os sistemas cognitivo e de recompensa (ou apetite hedônico) e as emoções.

Simplificando,

–>O consumo alimentar também pode ser motivado por alimentos palatáveis e recompensadores, ricos em gordura e açúcar, que nos dão prazer: esse é o sistema de recompensa;

–>O sistema cognitivo é o racional, aquele que mesmo com fome sabe que trocar uma refeição por um pedaço de bolo recheado não é a melhor opção para saciar a fome;

–>As emoções (boas ou ruins) ativam uma estrutura cerebral chamada amígdala que leva ao consumo de alimentos ricos em gordura e calorias, mesmo que você não esteja com fome física.

Atualmente, acredita-se que o consumo alimentar excessivo seja consequência de uma atividade aumentada das áreas do cérebro associadas à recompensa e emoção, aliada a uma menor atividade em áreas associadas à saciedade homeostática e ao controle cognitivo relacionado aos alimentos. Assim, o sinal de recompensa se sobrepõe à resposta metabólica de saciedade.

O propósito do post não é dizer que tudo está perdido, que não tem jeito. Mas sim mostrar que a obesidade é uma doença complexa e por isso seu tratamento é complexo e para toda a vida. É importante sempre ter uma boa orientação no processo. O nutricionista é seu aliado, ele te ajudará a mudar seu estilo de vida para chegar e manter um peso saudável. Em muitos casos, uma abordagem multiprofissional englobando o psicólogo e o endocrinologista pode ser necessária.


REFERÊNCIAS

Carnell S, Gibson C, Benson L, Ochner CN, Geliebter A. Neuroimaging and obesity: current knowledge and future directions. Obes Rev. 2012;13(1):43-56.

De Silva A, Salem V, Matthews PM, Dhillo WS. The use of functional MRI to study appetite control in the CNS. Exp Diabetes Res. 2012;2012:764017.

Farr OM, Li CS, Mantzoros CS. Central nervous system regulation of eating: Insights from human brain imaging. Metabolism. 2016;65(5):699-713.

Hall KD, Hammond RA, Rahmandad H. Dynamic interplay among homeostatic, hedonic, and cognitive feedback circuits regulating body weight. Am J Public Health. 2014;104(7):1169-75.

Marx J. Cellular warriors at the battle of the bulge. Science. 2003;299(5608):846-9.

Yu YH, Vasselli JR, Zhang Y, Mechanick JI, Korner J, Peterli R. Metabolic vs. hedonic obesity: a conceptual distinction and its clinical implications. Obes Rev. 2015;16(3):234- 47.

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